Camarão de cativeiro no CE tem melhora genética

Camarão de cativeiro no CE tem melhora genética

Carcinicultores apostam na colaboração de profissionais estrangeiros para superar os desafios

Segundo a Associação Cearense de Criadores de Camarão, atualmente, o quilo do camarão médio está sendo vendido por um preço de R$ 30 ( Fotos: Ari Versani )
00:00 · 03.03.2017

Hoje, o Estado conta com 700 fazendas de criação do crustáceo. Antes de o vírus atingir os viveiros, o preço do quilo do camarão médio custava em torno de R$ 15
Em queda desde meados de 2016 por conta da doença conhecida como mancha branca, a produção normal de camarão em cativeiro no Ceará deverá ser retomada a partir de agosto deste ano, fazendo o preço do crustáceo chegar mais em conta ao consumidor final. Isso porque, desde o início de fevereiro, os grandes produtores do Estado passaram a investir no melhoramento genético do animal em seus laboratórios, resultando em uma pós-larva mais resistente ao vírus que causa a doença da mancha branca.

O trabalho está sendo feito por profissionais estrangeiros, que vieram de países como Austrália, Equador e Nicarágua e foram contratados, exclusivamente, para resolver o problema. “Nossa expectativa é que, daqui a cinco meses, a produção comece a se estabilizar no Ceará, com viveiros mais resistentes à macha branca”, afirma o presidente da Associação Cearense de Criadores de Camarão (ACCC), Cristiano Maia.

De acordo com ele, maior produtor de camarão do Brasil, todos os empresários cearenses do setor de carcinicultura que dispõem de laboratório pós-larva de camarão contrataram profissionais estrangeiros para implantar a técnica.

“Atualmente, o quilo do camarão médio está sendo vendido por um preço de R$ 30, mas acredito que, daqui para o fim de 2017 ou início do próximo ano, baixe para R$ 22, uma redução de quase 27%”, observa Cristiano Maia, informando que, no ápice da crise nos viveiros, o valor médio do quilo atingiu R$ 35. “Aprendemos a conviver com a doença”, acrescenta.

Em seu laboratório da Potiporã Aquacultura, situada na cidade de São José dos Touros, no Rio Grande do Norte, Maia conta com 12 especialistas do Equador e da Nicarágua. Ele também é proprietário da Aquisa Aquicultura Samaria, localizada no município cearense de Paraipaba, mas a empresa não conta com laboratório.

Impacto

Com a infestação da mancha branca, a queda na produção de camarão no Ceará chegou a 70%, de acordo com Maia.

Atualmente, o Estado conta com, aproximadamente, 700 fazendas de criação do crustáceo.

Valor

Antes do vírus atingir os viveiros, o preço do quilo do camarão médio custava em torno de R$ 15, um aumento superior a 100% em relação ao valor atual.

Por conta da escassez do produto, os preços do camarão em restaurantes cearenses que têm o crustáceo como carro-chefe também saltou consideravelmente. Hoje, em razão da menor demanda pelo prato, alguns estabelecimentos conseguem reduzir um pouco os valores para não perder clientes.

Líder nacional

O Ceará é um dos maiores produtores de camarão do Brasil. Segundo a Associação Brasileira de Criadores de Camarão, o Estado produziu 76 mil toneladas do crustáceo em 2015, representando 65,7% da produção nacional. Do meio do ano até o fim de 2016, devido à macha branca, cerca de 30 mil toneladas de camarão foram perdidas no Ceará, o equivalente a 60% da produção do período.

Fique por dentro

Efeitos da mancha branca

A mancha branca é causada por um vírus que se manifesta na fase inicial de desenvolvimento do camarão, calcificando e mudando a cor do crustáceo. Ele morre e contamina os outros, por isso, produções inteiras são perdidas antes de chegar ao consumidor. A doença foi detectada pela primeira vez na Ásia, em 1993. Dois anos depois, já atingia os Estados Unidos e logo chegou à América do Sul. No Brasil, além do Ceará, a mancha branca foi encontrada também em criações em Santa Catarina, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe, Paraíba e Piauí. Os principais sintomas da mancha branca são: redução no consumo alimentar do camarão; natação lenta; mudança na coloração (de rosa a pardo-avermelhada); e carapaça mole e com calcificações. O vírus não oferece perigo ao homem.

Fonte : Jornal Diario do Nordeste
Link :http://diariodonordeste.verdesmares.com.br/cadernos/negocios/camarao-de-cativeiro-no-ce-tem-melhora-genetica-1.1714011

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